Vickers-Armstrong Wellington

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O Vickers Wellington foi um bombardeiro médio britânico de longo alcance, bimotor, projetado em meados dos anos 1930, pelo designer chefe da Vickers-Armstrongs Rex Piersonem para responder á especificação B.9/32 do Ministério do Ar para um bombardeiro bimotor diurno com maior desempenho que os projetos anteriores.
Foi amplamente utilizado como bombardeiro em operações noturnas nos primeiros anos da Segunda Guerra Mundial, antes de ser substituído nas operações de bombardeamentos pesados pelos quadrimotores como o Avro Lancaster .
O Wellington continuou a servir durante a guerra noutras funções, especialmente como um avião anti-submarino . Foi o único bombardeiro britânico a ser produzido durante todo o período da guerra, e ainda era equipamento de primeira linha quando a guerra terminou.
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Ano
1936
Pais de Origem
Reino Unido
Função
Bombardeiro
Variante
Mk Ic
Tripulação
6
Motor
2 × Bristol Pegasus Mark XVIII
Peso (Kg)
Vazio
8435
Máximo
12955

Dimensões (m)
Comprimento
19,69
Envergadura
26,27
Altura
5,31

Performance (Km)
Velocidade Máxima
378
Teto Máximo
5490
Raio de ação
4106
Armamento
Defensivo:
6 a 8× metralhadoras Browning de 7.62mm
(2 na torre do nariz, 2 na cintura e 2 ou 4 na torre da cauda)
Ofensivo:
2041 Kg de bombas
Países operadores
  Reino Unido, Austrália, Canadá, Checoslováquia, França, Grécia, Nova Zelândia, Polónia, Portugal, África do Sul
Fontes
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GALERIA
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Wellington Mk II, motor Merlin X, 1941
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Wellington Mk III
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Wellington Mk X tropicalizado, Norte de África, 1943
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Wellington GR Mk XII a ser carregado com torpedos, 1942
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Wellington GR Mk.XII, FAA, 1945
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Wellington do 75º Sqn RAF (RNZAF), UK, 1939
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HISTÓRIA
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O Wellington usava a arquitetura geodésica adaptada à construção de fuselagens, idealizada por Barnes Wallis inspirado no seu trabalho sobre os dirigíveis , e testado na construção do bombardeiro monomotor ligeiro  Wellesley. 

Pormenor da construção da fuselagem
A estrutura da fuselagem era construída a partir de quatro longarinas tubulares longitudinais às quais eram ligados 1.650 elementos, em liga de alumínio (duralumínio) com forma de W formando uma rede de quadros, onde eram aparafusadas longitudinalmente ripas de madeira. Esta estrutura era coberta com linho irlandês tratado com camadas de dope (nitrato de celulose líquido, próprio para impermeabilizar tecidos de superfícies de aviões) , formada o revestimento exterior da aeronave.

Esta estrutura era extremamente solida, porque qualquer uma das longarinas podia suportar parte do peso, mesmo a partir do lado oposto da aeronave. A prova disto e que durante a sua vida operacional vários Wellington com enormes danos estruturais conseguiram sobreviver regressando à base, por este facto era muitas vezes descrito como uma "colecção de buracos ligados com a forma de um avião", uma "malha" ou um “ bombardeiro de pano“.

Num incidente, um caça noturno Bf 110 alemão atacou um Wellington que regressava de um ataque a Münster, na Alemanha, causando um incêndio na parte traseira do motor de estibordo. O co-piloto Sargento James Ward Allen saiu da fuselagem em voo, foi abrindo buracos a pontapé no revestimento de tecido dopado da asa para se conseguir segurar e chegar ao motor de estibordo, conseguindo chegar ao motor e apagar o incendio evitando que se alastrasse a asa. Ele e o avião regressaram a base em segurança, e Ward foi condecorado com a Cruz da Victoria. O avião devido aos graves danos não voltaria a voar e Ward Allen acabaria também por morrer quando o seu Wellington foi abatido por artilharia antiaérea sobre Hamburgo dois meses depois.
Danos num Wellington regressado de uma missão

A estrutura geodésica além de forte era também leve para seu tamanho, o que deu ao Wellington uma capacidade de carga superior as aeronaves semelhantes, sem sacrificar a robustez ou proteção da placa de armadura ou tanques de combustível auto-selantes .

O Wellington foi construído em 18 variantes duas das quais para treino usadas até no pós guerra.

O protótipo, voou pela primeira vez como Tipo 271 em 15 de junho de 1936, e depois de muitas mudanças ao projeto, acabou por ser aprovado para a produção em 15 de agosto de 1936 com o nome de Wellington.

Do primeiro modelo, Wellington Mk I , alimentado por um par de motores Bristol Pegasus de 1.050cv, até 1938, foram construídos 150 aeronaves para a Royal Air Force (RAF) e 30 para a Real Força Aérea da Nova Zelândia (RNZAF), que foram transferidos para o 75º esquadrão da RAF no início da guerra .

Pormenor de um rack da baía de bombas
A variante Mk IA introduziria melhorias nas torres de armas à frente e à retaguarda, substituindo-as por duas Nash & Thomson, e introduziu as necessárias adaptações para que a aeronave pudesse utilizar motores Bristol Pegasus ou Rolls-Royce Merlin, consoante a disponibilidade.

O Mk IC acrescentaria armas na cintura da aeronave manobradas por um artilheiro adicional (a tripulação era de 6 pessoas). Foram produzidos 2685 aeronaves com esta configuração.

As variantes Mk II, B Mk III, B Mk IV,B Mk VI e B Mk X resultaram da utilização de diferentes motores, respectivamente, Rolls-Royce Merlin X, Bristol Hercules III ou XI, Pratt & Whitney Twin Wasp, Rolls-Royce Merlin R6SM, Bristol Hercules VI ou XVI. A Mk X seria a variante mais produzida tendo atingido um total de 3803 aeronaves. O armamento defensivo sofreria também um upgrade a partir da versão Mk III, com a instalação na retaguarda de uma torre de quatro armas em vez da de duas.

Wellington Mk II DWI, com gerador de campo magnético
para detonação de minas, Canal do Suez, Egito,1942
O comando costeiro da RAF também utilizou o Wellington em versões especialmente adaptadas a suas funções, que correspondias basicamente a variantes B, com equipamentos de reconhecimento antissubmarino. O GR Mk VIII era um Mk IC equipado com um holofote antissubmarino “Leigh light”.O GR Mark XII era um B Mk X adaptado ao transporte e lançamento de torpedos equipado com um radar ASV Mk III. O GR Mk XIV poderia também transportar foguetes RP-3 sob as asas.

Foram também construidas duas versões para transporte, a C Mk XV e C Mk XVI, que podiam transportar 18 soldados. As versões para treino T Mk X e T Mk XIX esta ultima especialmente equipada para treino de navegação, resultaram na sua maior parte de conversões de aeronaves no pós guerra algumas dos quais se mantiveram no ativo até 1953.

Wellington T Mk X,RAF,Central Gunnery School, 1943
O número de Wellingtons construídos totalizou 11.461 de todas as versões, sendo o último produzido em 13 de outubro de 1945.

No primeiro bombardeamento da RAF durante a guerra foram utilizadas aeronaves Wellington do 9º e 149º esquadrões, em conjunto com bombardeiros Bristol Blenheim, tendo como alvo os transportes marítimos alemães em Brunsbüttel em 4 de setembro de 1939.

Nesta e nas operações diurnas seguintes foi identificado a vulnerabilidade dos Wellington aos ataques de caças inimigos vindos da parte superior da aeronave, fora do alcance das armas defensivas da proa e da popa.

Como consequência, os Wellington foram transferidos para operações noturnas. Participaram na primeira incursão noturna a Berlim em 25 de agosto de 1940. No primeiro bombardeamento a Colónia , em 30 de maio de 1942, no qual  599 das 1.046 aeronaves participantes eram Wellington (101 deles tinham tripulação polaca).

Com o Comando de Bombardeiros, o Wellington voou 47.409 operações, e lançou 37.941 toneladas de bombas tendo perdido 1.332 aeronaves em ação e mais 337 em acidentes.

Enquanto o Wellington foi substituído no teatro europeu, permaneceu em serviço operacional durante a maior parte da guerra no Médio Oriente e em 1942, com base na Índia tornou-se o primeiro bombardeiro de longo alcance da RAF a operar no Extremo Oriente . Foi particularmente eficaz com ao serviço da South African Air Force (SAAF) na África do Norte, onde também foi utilizada na luta anti-submarina pelo 26º esquadrão da SAAF baseado em Takoradi , Gold Coast (agora Ghana ).

Nos teatros do Oriente Médio e do Extremo Oriente as operações, totalizou 524.769 horas de voo.

Após a guerra, os Wellington voaram um total de 355.660 horas em missões de treino de tripulações.

EM PORTUGAL
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O que aconteceu aos Vickers-Armstrong Wellington que aterraram de emergência em Portugal durante a II Guerra Mundial é assunto pouco claro.Tanto quanto se sabe, aterraram de emergência em Portugal 10 Wellington (8 Mk Ic, 1 Mk X e Mk XII).

Quase todos estes aviões ficaram destruídos ou em péssimo estado, uns devido às aterragens de emergência, outros incendiados pelos próprios tripulantes.

Uma mensagem do Governo Britânico para a sua Embaixada em Lisboa datada de 30 de Julho de 1943, pede informações sobre diversos aviões da RAF que tinham feito aterragens forçadas em Portugal, entre eles os Wellington com as matrículas HD 967, HZ 255 e Z 9026. Esta mensagem sugeria "canibalizar o Z9026 para manter outros dois Wellington em condições de voo".

Dois Wellington Mk Ic (serial number HD-967 e HZ-255) foram recuperados para o voo, e um terceiro (serial number Z-9026), foi aproveitado para fornecer peças sobressalentes.

Os três Wellington Mk Ic foram colocados na Base Aérea N° 2 (BA2), Ota.

Documentos confirmam que um Wellington com a matrícula da Aeronáutica Militar (AM) número 180, e com as insígnias nacionais então em uso, voou em Outubro e Novembro de 1945, com descolagens e aterragens na BA2. Ainda que não existam dúvidas quanto à matrícula 180, não deixa de se estranhar a sua atribuição, uma vez que esta matrícula foi dada ao penúltimo Avro 626 construído nas Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA).

Estes aviões permaneceram pouco tempo na BA2, não se sabendo, ao certo, qual o seu destino, presumindo-se que foram desmantelados e transformados em sucata, como era costume na época. Existe também a hipótese de, pelo menos um, ter sido devolvido à RAF.

Texto adaptado de:Adelino Cardoso, "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" 

DESENHOS
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PERFIL
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FONTES

VER TAMBÉM
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