Bristol (Tipo 156) Beaufighter

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ESPECIFICAÇÕES
ANO
1939
PAIS DE ORIGEM
Reino Unido
TIPO
Caça Bombardeiro multifunções
MODELO
Beaufighter Mk.VI
TRIPULAÇÃO
2
MOTOR
2 x Bristol Hercules
PESO MAXIMO (kg)
11521
PESO VAZIO (kg)
7072
ENVERGADURA  (m)
17,65
COMPRIMENTO (m)
12.60
ALTURA (m)
4.84
VELOCIDADE MÁXIMA  (km/h)
515
TECTO MÁXIMO  (m)
5795 (sem torpedo)
RAIO DE ACÇÃO (km)
2380
AUTONOMIA (h)

ARMAMENTO
4 × canhões  Hispano Mk II 20 mm sob o nariz
1 ×metralhadora  Browning de 7.7 mm operada pelo navegador,
2× bombas de 250 lb (118 Kg), ou
torpedo britânico de 18 polegadas, ou
1×  torpedo Mark 13 da US Navy ou
8 ×foguetes RP-3 de 27 kg nas asas
GALERIA
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Bristol Beaufighter Mk 21,DAP, RAAF
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Beaufighter Mk I, Egipto, 1943
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Beaufighter Mk X, RAF, 1945
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Beaufighter e um P-51 Mustang, 1944
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Municiamento de um Beaufighter
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Beaufighter TF Mk X
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HISTÓRIA
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Pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial, a Royal Air Force sentiu a falta de caças pesados, especialmente caças nocturnos com armamento pesado e de caças de escolta de longo alcance. Para colmatar essa falta foi desenvolvido o Bristol Tipo 156 a partir das asas, cauda e trem de aterragem do torpedeiro Bristol 152 Beaufort unidos a uma nova fuselagem e a dois motores radiais Hércules.

Beaufighter, RAF, 1945 (com listas do Dia D)
O primeiro, de quatro protótipos, voou em Julho de 1939 e a produção foi autorizada com as aeronaves equipadas com os motores Hercules XI de 1500 hp (1119 kW) de potência. A partir daí o avião foi desenvolvido em duas linhas, a primeira como caça noturno e a segunda como avião de ataque marítimo.

Ao contrário do Beaufort, o Beaufighter teve uma longa carreira, servido em quase todos os teatros da Segunda Guerra Mundial , primeiro como um caça noturno, e depois como caça-bombardeiro, e torpedeiro, substituindo o Beaufort. A Austrália construiu a variante conhecida por DAP Beaufighter, assim designada por ser construido pelo DAP (Department of Aircraft Production).

A idéia do desenvolvimento de um caça pesado baseado no Beaufort foi sugerido ao Ministério do Ar pela Bristol. A sugestão coincidiu com os atrasos no desenvolvimento e produção do Westland Whirlwind, um caça bimotor armado com canhões. A Bristol apresentou uma proposta para um caça bimotor com quatro canhões fixos e dois numa torre dorsal, mas como o Beaufort tinha um  desempenho fraco, a Bristol sugeriu o uso do seu novo motor Hercules em vez do Taurus usado no Beaufort.

Beaufighter TF Mk X
Considerando que a adaptação de uma aeronave já existente a novas funções e novo desempenho reduziria drasticamente o tempo de concepção e de entrada em produção o Ministério do Ar emitiu a especificação F.11/37 para uma aeronave com as especificações propostas pela Bristol que iniciou a construção de um protótipo, tendo por base o Beaufort para acelerar o processo conforme prometido, e tendo como objetivo o início da produção em serie para o início de 1940. O Ministério encomendou dois protótipos baseados na conversão do Beaufort e dois construídos a partir do zero. O primeiro protótipo voou em 17 de Julho de 1939, com oito meses de atraso relativamente ao objectivo estabelecido, mas entretanto já tinha sido colocada uma encomenda para 300 aeronaves.

As diferenças entre o Beaufort e Beaufighter eram reduzidas. As asas, as superfícies de controle, o trem de aterragem e seção traseira da fuselagem eram idênticas às do Beaufort. O compartimento de bombas foi eliminado, e foram montado 4 canhões Hispano Mk III de 20mm na área inferior da fuselagem. Os canhões foram complementados por seis metralhadoras Browning de 7,7 mm nas asas (quatro na asa direita, duas na asa esquerda - a assimetria era causada pela montagem da luz de aterragem na asa esquerda). Quando Beaufighters foram desenvolvidos como bombardeiros e torpedeiros, o seu poder de fogo era usado para supressão do fogo defensivo e atingir navios inimigos, especialmente escoltas e pequenas embarcações. O recuo dos canhões e metralhadoras era tal que poderia reduzir a velocidade da aeronave por cerca de 25 nós quando eram disparados.
Beaufighter F Mk II,com motores Merlin XX, 1943

As áreas para o artilheiro traseiro e bombardeador foram removidos, deixando apenas o piloto numa cabina semelhante a de um caça. O navegador/operador radar sentou-se para a parte traseira sob uma pequena bolha no local onde se situava a torre dorsal do Beaufort. Ambos os tripulantes tinham sua própria escotilha no chão da aeronave.


Os motores Bristol Taurus do Beaufort não eram suficientemente potentes para um caça e por isso foram substituídos pelos mais poderosos Bristol Hercules (foram feita experiências com os motores Merlin que também se mostraram inadequados as necessidades da aeronave). A potência extra desenvolvida pelos novos  motores criou problemas de vibração, resolvidos com a sua  instalação  em suportes mais longos e mais flexíveis, que se estendiam a partir da parte dianteira das asas.

Para evitar a deslocação do centro de gravidade para a frente da aeronave o nariz foi encurtado, o que colocou a maior parte da fuselagem atrás da asa e as carenagens dos motores e hélices mais à frente do que a ponta do nariz, tornando a aparência do Beaufighter caracteristicamente “curto e grosso”.

Beaufighter Mk VI C, RAF CC, 1945
Pelos padrões de caça, o Beaufighter Mk.I era bastante pesado e lento. Tinha um peso de 7000 kg e uma velocidade máxima de apenas 540 km/h.O Beaufighter saiu da linha de produção quase ao mesmo tempo que os primeiros radares AI (Airborne Interception), que ponderam ser facilmente instalados na sua fuselagem inferior, sendo as antenas acomodadas no nariz, tornando a aeronave um caça noturno por excelência. Mesmo carregado com 9.100 kg a aeronave era suficientemente rápida para abater os bombardeiros alemães que no inicio de 1941 passaram e efetuar frequentes incursões noturnas no Reino Unido. Com o seu surgimento, o mais rápido De Havilland Mosquito assumiu o papel de caça nocturno e a partir do final de 1942, e os Beaufighters, mais pesados, passaram a assumir outra funções, como ataque ao solo e interdição de longo alcance em grande parte dos teatro de operações da segunda guerra mundial.

No Mediterrâneo, a USAAF recebeu 100 Beaufighters no verão de 1943, para operações de escolta de comboios, e ataque ao solo, mas voaram principalmente missões de interceptação noturna defensiva. Embora o caça noturno Northrop P-61 tenhamchegado em dezembro de 1944, os Beaufighter da USAAF continuaram a voar em operações noturnas em Itália e França até o final da guerra.
Beaufighter F Mk.VI, USAAF, Itália, 1943

A aeronave provou ser tão eficaz que o Comando Costeiro se tornou o principal utilizador do Beaufighter, substituindo o Beaufort agora obsoleto e o Blenheim.

Em1941 foi desenvolvido o caça pesado de longo alcance Beaufighter Mk.IC. Esta nova variante entrou em serviço maio 1941 no esquadrão 252º que operava a partir de Malta. Até o final de 1942, os Beaufighter Mk VIC foram equipados para transportar de um torpedo de 450mm (britânico) ou de 572mm (Americano). Os primeiros ataques de Beaufighters com torpedos aconteceu em abril de 1943, quando o 254º esquadrão afundou dois navios mercantes ao largo da Noruega.

O motor Hercules Mk XVII, desenvolvendo 1.735cv foi instalado na fuselagem Mk VIC para produzir o Mk.X TF (Torpedo Fighter), comumente conhecido como o "Torbeau". O Mk X tornou-se a marca de produção principal do Beaufighter.

A variante de exercício do "Torbeau" foi designado a Mk.XIC Beaufighter

Os Beaufighter Mk.X TF seria usado em ataques de precisão a comboios marítimos, com torpedos ou com foguetes RP-3 . Os primeiros modelos do Mk X dispunham de um radar ASV (Air to Surface Vessel) mas este foi substituído no final de 1943 pela AI Mark VIII instalado no nariz permitindo que atuasse em todas as condições meteorológicas, de dia e de noite.

O Beaufighter chegou a esquadrões da Ásia e do Pacífico, em meados de 1942, onde foi apelidada pelos japoneses de “morte sussurante”, supostamente por atacar aeronaves sem ser visto ou ouvido até ser tarde demais.

Beaufighter Mk I, Egipto, 1943
No Teatro do Sudeste Asiático , o Beaufighter Mk.VI F operou a partir da Índia como caça noturno em operações contra as linhas de comunicação japoneses na Birmânia e Tailândia. Os Beaufighter Mark X também foram usados em missões diurnas de intrusão em Burma. A sua alta velocidade em ataques a baixa altitude tornava os ataques do Beaufighter muito eficazes, independentemente das condições meteorológicas muitas vezes atrozes.

A Real Força Aérea Australiana (RAAF) utilizou o Beaufighter Mk IC no teatro do Sudoeste do Pacífico , onde foi empregue em missões contra a armada e marinha mercante Japonesa. A mais famosa operação em que participaram foi a Batalha do Mar de Bismarck , onde foram usados no papel de supressão de fogo numa força mista com bombardeiros da USAAF Douglas A-20 Boston e B-25 Mitchell .

A partir de final de 1944, as unidades  Beaufighter da RAF da foram envolvidos na Guerra Civil Grega , de onde foram retirados em 1946.

No pós-guerra muitos Beaufighter Mk X s foram convertidas em rebocadores de alvos como o TT.10 servido em várias unidades de apoio da RAF até 1960. O último voo de um Beaufighter em serviço da RAF ocorreu em 12 de maio de 1960.

Beaufighter Mk 21, RAAF, Port Moresby, 1942
Até setembro de 1945, foram produzidos no Reino Unido 5.564 Beaufighters. Na Autrália foram construidos a partir de 1944 até 1946 (em substituição da produção do Beaufort), 365 Beaufighter . Estes eram uma variante bombardeiro-torpedeiro equipado com motores Hercules VII ou VIII e pequenas alterações ao armamento, designada por Mk.21

O Beaufighter foi usado pelas forças aéreas de Portugal , Turquia e República Dominicana e pela Força Aérea israelita, que os comprou clandestinamente em1948.

Nos dias de hoje existem vários exemplares de Beaufighter em museus na Austrália (3), Reino Unido (3, um deles em restauração), Estados Unidos da América (1) e Canadá (1 semi-restaurado).

EM PORTUGAL
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Entre 13 e 28 de Março de 1945 chegaram a Portugal 16 Bristol Beaufighter TF Mk X, destinados à Esquadrilha B das Forças Aéreas da Armada (designação, na época, da Aviação Naval), instalada no Aeroporto da Portela. Faziam parte de um lote de 500 aviões, os últimos Beaufighter produzidos pela Bristol, não considerando os 10 aviões da série SR construídos mais tarde.

Estavam poderosamente armados com quatro canhões de 20 mm instalados no nariz e seis metralhadoras de 7,7 mm instaladas nas asas e mais uma metralhadora Vickers K, também de 7,7 mm, instalada na torre dorsal. Para além deste armamento, podiam transportar bombas sob as asas ou um torpedo sob a fuselagem. Destinaram-se a substituir os obsoletos Bristol Blenheim, abatidos no ano anterior.

Beaufighter TF Mk X, AN Portuguesa
Em 22 de Outubro de 1945 descolaram de Lisboa três Beaufighter, que voaram para norte, ao longo da costa. Após passagem por S. Jacinto, gripou um motor do BF-4, obrigando-o a aterragem forçada nas dunas perto de Ovar. O avião partiu-se a meio e incendiou-se, que que resultou a morte dos três tripulantes. A avaria foi provocada pela rotura do veio da bomba de lubrificação do motor, facto inédito que motivou o reforço dessas peças em todos os motores da Bristol.

Perante a causa que motivou o desastre, a Bristol ofereceu o 17° Beaufighter, também do modelo TF Mk X, mas com a antena do radar num dedal no nariz e barbatana dorsal no prolongamento da deriva. Chegou a Portugal em 1946, tendo descolado da Grã-Bretanha tripulado por portugueses. Foi-lhe atribuída a matrícula BF-17.

Foram mantidos com a camuflagem de origem, com as superfícies superiores pintadas a cinzento e verde escuro e as inferiores em cinzento-mar. Ostentavam a Cruz de Cristo, sobre círculo branco, em ambos os lados das asas, e as cores nacionais, sem escudo, a toda a altura do leme de direcção. O número de matrícula estava pintado em pequenos algarismos pretos na fuselagem, parcialmente sob o estabilizador horizontal. Ostentavam uma âncora preta, símbolo da AN, no estabilizador vertical.

Os Beaufighter tiveram curta vida em Portugal. Inexplicavelmente, enquanto a RAF os utilizou até 1960, a AN abateu-os prematuramente em 1946. O Beaufighter número BF-13 da AN, número de série RAF RD 253, encontra-se hoje no Royal Air Force Museum de Hendon, Inglaterra.

Outro Beaufighter que serviu na AN foi cedido ao Museu da Força Aérea Sul-Africana, estando actualmente no National Museum of Flight no East Fortune Airfield, em Edinburgo (Escócia). Esta cedência foi compensada mais tarde, quando este museu ofereceu um Spitfire Mk IX (modelo que nunca equipou as esquadrilhas portuguesas) ao Museu do Ar, onde se encontra em exposição.

Lamentavelmente, no inventário dos aviões do Museu do Ar não consta qualquer Bristol Beaufighter.
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DESENHOS
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PERFIL
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FONTES
VER TAMBÉM
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Bristol Beaufighter - Ten Gun Terror


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