Fiat G.91 Gina

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ESPECIFICAÇÕES
ANO
1958
PAIS DE ORIGEM
Itália
TIPO
Caça bombardeiro ligeiro
MODELO
G91R/4
TRIPULAÇÃO
1
MOTOR
Bristol Siddeley Orpheus 
PESO MAXIMO (kg)
5500
PESO VAZIO (kg)
3100
ENVERGADURA  (m)
8.56
COMPRIMENTO (m)
10.29
ALTURA (m)
3.98
VELOCIDADE MÁXIMA  (km/h)
1068
TECTO MÁXIMO  (m)
13100
RAIO DE ACÇÃO (km)
1315
ALCANCE (km)

ARMAMENTO
2 canhões DEFA 552 de 30 mm (R/3 e Y) ou
4 metralhadoras Colt Browning M3 12,7 mm (R/4)
Até 680 Kg (1860 para o G.91Y) de armamento em suportes das asas.
Combinações de:
Mísseis ar-ar AIM-9 B "Sidewinder"
Lança foguetes LAU-32, LAU-5002, FFAR ou  CRV7
Bombas GP (General Purpose) de 45, 114,  227 ou 340Kg
Bombas de fragmentação de 200 Kg
Bombas  "Snakeye"
Bombas "Rockeye"
Bombas de Napalm Modelo 65 de 60 litros
Depósitos de combustível extra de 300 litros
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GALERIA
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Fiat G.91 R/3, museu da Luftwaffe, 2007
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Fiat G.91 R/4, FAP, BA 12, Guiné, 1973
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Fiat G.91 R/4,  FAP, BA 5, 1970
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Fiat G.91 R/3, Tiger-Meet, Museu do Ar
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Fiat G.91 R/3, FAP
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Fiat G.91 R/3, FAP
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HISTÓRIA
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Quando a NATO foi criada em 1953, foi decidido desenvolver estudos para determinar que tipo de armamentos deveria ser adquirido pela aliança militar.Numa tentativa de obter um padrão nos equipamentos e suas capacidades a NATO anunciou em 1954 um concurso para equipar os países membros com um caça-bombardeiro moderno de apoio táctico, obedecendo aos seguintes parâmetros:

  • Capaz de atacar veículos blindados, concentração de tropas, instalações petrolíferas e ou industriais e alvos de oportunidade em movimento.
  • Capaz de missões de interdição, nomeadamente comboios, barcaças ou outros transportes similares de tropas.
  • Capaz de operar a partir de auto-estradas, pistas não preparadas ou rudimentares e com uma corrida à descolagem para ultrapassar um obstáculo de 15 metros de altura, não superior a 1 100 metros.
  • Capaz de sustentar a velocidade de mach 0.95 durante pelo menos 30% da missão, um raio de acção de 280 Km e permanecer na área do alvo durante 8 a 10 minutos.
  • Boa manobrabilidade e alta taxa de rolamento ventral.
  • Protecção blindada contra fragmentos de explosões e fogo de armas ligeiras, para o piloto e tanques de combustível. 
  • Armado com quatro metralhadoras ou dois canhões, assim configurados: 4x12.7mm ou 2x20mm ou 2x30mm, com provisão para 300, 200 e 120 tiros respectivamente. 
  • Capaz de transportar armamento externo em pelo menos uma estação debaixo de cada asa, com capacidade de até 230Kg. 
  • Peso vazio de 2 000Kg e máximo à descolagem de 4 700Kg ou superior; 
  • Equipado internamente com pelo menos: rádio na banda UHF, identificador IFF e sistema de navegação táctico TACAN.
    Entre os concorrentes, o Dassault Etendard IV, o Breguet Taon-1100 e o Fiat G.91, fizeram parte do trio final, com as empresas a receber fundos para a produção de três protótipos cada um dos aviões concorrentes. Antes de qualquer decisão ter sido tomada, a Fiat decidiu iniciar um programa intenso de desenvolvimento da aeronave, tendo em vista a possibilidade da sua comercialização.Esta decisão colocou o desenvolvimento do avião da Fiat muito à frente dos outros e esse avanço teve consequências já que ainda antes de uma decisão final ser tomada, a NATO encomendou 27 exemplares de pré-produção em Julho de 1957. A fase de demonstração dos protótipos estava marcada apenas para Outubro de 1957.

    O primeiro Fiat G.91 voou em 9 de Agosto de 1956.Era no entanto muito mais pesado que o especificado, mas as restantes performances respondiam às exigências.Quando as aeronaves começaram a ser comparadas, o Fiat G.91 demonstrou ser superior a todos os outros, ainda que os franceses tenham ficado especialmente irritados porque os italianos tinham ganho a competição, mas os britânicos fabricavam o motor. A França era o único dos países que tinham apresentado propostas e que ficava de fora o que levará a França a continuar sozinha o desenvolvimento do caça-bombardeiro Etendard. Parte do sucesso do G.91 prendeu-se com o facto de tanto em termos de estrutura como em termos de aerodinâmica ele ser parecido com o caça F-86 da North American. Esta foi uma das razões que explica a rapidez do desenvolvimento do avião.Para a Fiat, a jogada foi extremamente arriscada porque a empresa investiu pesadamente numa linha de montagem com alta capacidade de produção, sem ter encomendas garantidas. 


    A Fiat assegurou no entanto uma alta capacidade de resposta, e forneceram aeronaves à aeronáutica militar italiana logo em 1958, tendo militares alemães acompanhado o processo de perto e demonstrado interesse na aeronave. A Itália colocou uma encomenda para 50 exemplares e a Luftwaffe alemã encomendou 294 aparelhos na versão G.91R/3, armados com canhões de 30mm e não de 20mm. A França e a Áustria colocaram encomendas, a Grécia e Turquia mostraram interesse em adquirir a aeronave. Nas suas várias versões a aeronave chegou a somar 500 encomendas, mas questões politicas e a pressão dos concorrentes acabaram por condicionar o processo. Os franceses retiraram a encomenda após a escolha dos motores britânicos Bristol Siddeley Orpheus, os austríacos, com problemas com a Itália seguiram o mesmo caminho. A Grécia e a Turquia também cancelaram pedidos ou intenções de encomenda por pressão da industria americana. Apenas a Itália e a Alemanha mantiveram os pedidos.


    Cockpit do Fiat G.91/R4
    Parte das aeronaves da Luftwaffe, foram transferidas para Portugal nos anos 60, quando este país foi objecto de embargos de armamentos norte-americanos à utilização de armamentos em África. Os aviões fornecidos a Portugal, na versão G.91 R/4, era a menos bem armado de todos os Fiat G.91, contava unicamente com quatro metralhadoras de calibre 12.7mm, o que reduzia a sua eficácia em termos de combate aéreo com aeronaves suas contemporâneas. 

    A versão Fiat G.91 R/3 foi armada com dois canhões de 30mm, bastante mais poderosa esteve ao serviço da força aérea alemã. Parte dessas aeronaves seriam posteriormente cedidas a Portugal em 1976. A última versão do Fiat G.91 apresentada em 1966, tratou-se de uma adaptação do modelo G.91 R/4.Esta versão, conhecida como Fiat G.91Y, estava equipada com dois motores GE-J85 e armada com dois canhões DEFA de 30mm e sua velocidade máxima era de 1110km/h. Foram produzidos um total de 770 unidades desta aeronave, nas versões de combate armadas, de treino (um e dois lugares) e na versão de reconhecimento, não armada.Os únicos Fiat G.91 que entraram em combate foram os Fiat G.91 R/4 portugueses.

    EM PORTUGAL
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    Fiat G.91/R3 da esquadra 301 da FAP
    Portugal adquiriu o Fiat G.91 R/4 à Alemanha em 1966, por causa dos problemas com utilização das aeronaves de origem americana F-86 Sabre em África, onde ser tornaram o principal avião de combate de toda a guerra.

    O "Gina" entrou ao serviço, pela primeira vez, na Base Aérea 5 (BA 5), Monte Real, em Janeiro de 1966, onde foi utilizado até 1973 na instrução de pilotos que o iam operar no ultramar.

    Foi utilizado na Guiné, a partir de Abril de 1966, onde serviram na Esquadra 121 Tigres na BA 12, em Bissalanca e em Moçambique desde os finais de 1968 na Esquadra 502 Jaguares baseada no Aeródromo Base 5 (AB 5) em Nacala,  na Esquadra 702 Escorpiões formada em 1970 no AB 7 em Tete Chingosi e ainda em destacamentos em Nampula no Aeródromo de Manobra 52 (AM 52) em 1972, em Porto Amélia e no AM 51 Mueda, para além de outros destacamentos não permanentes no AB 6 Nova Freixo, AM 61 Vila Cabral e BA 10 Beira. 

    Fiat G.91 R/4 esq.121 BA 12, Bissalanca-Guiné, 1973
    Chegaram ainda a servir em Angola, de finais de 1974 até Janeiro de 1975, na Esquadra 93 Magníficos, substituindo os Republic F-84G, na BA 9 em Luanda.

    Em 24 de Abril de 1968 na Guiné os Fiat entraram em contacto com dois MIG-17 da Guiné-Conakry, tendo estes aviões retirado rapidamente quando se aperceberam da presença dos aviões portugueses. Foi considerada a partir daí a utilização de misseis Sidewinder, que nunca se chegaram a ser utilizados em África.
    Com a chegada dos SA-7 «Strela» (uma aeronave foi abatida por um destes mísseis em 1973) os Fiat foram pintados com uma tinta especial que se destinava a reduzir a assinatura do avião e deixá-lo menos visível aos misseis, e foram estudadas novas tácticas que implicavam vôos a altitudes diferentes. Houve no entanto dificuldades iniciais na habituação dos pilotos as novas tácticas a utilizar.
    Fiat G.91/T3 FAP, Savigny les Beaune,França, 2002

    O numero de aeronaves em cada cenário foi sempre foi muito reduzido pois a FAP não recebeu mais que os 40 exemplares iniciais. Os restantes Fiat G.91  só foram recebidos após 1976, dois anos depois do fim da guerra.

    O Fiat G.91, sendo uma aeronave ligeira não era adequado para combate aéreo e era dedicado ao ataque ao solo. O seu principal inimigo eram por isso as armas anti-aéreas, entre as quais os canhões anti-aéreos e os mísseis terra-ar SA-7 «Strela».

    Após os conflitos ultramarinos, como fruto de negociações e acordos entre Portugal e a Alemanha, viriam a ser entregues, de forma progressiva, a partir de 1976, mais Fiat G.91, na versão R/4 mas também, nas versões T/3 (os primeiros a 25 de Março) e R/3 (a partir de 13 de Junho).

    Fiat G.91R/3 da FAP, em pintura comemorativa
     das 75000 horas de voo
    Em 1980 e 1985 aviões Fiat G.91R/3 da Esquadra 301 "Jaguares" ganharam o troféu de prata da reunião anual de esquadras "Tiger" dos países pertencentes à NATO, que premeia o vencedor da competição "Tigermeet", defrontando oponentes como o F-4 Phantom II, F-16 Fighting Falcon, Dassault Mirage F1 e F-111. 

    Finalmente a 15 de Junho de 1993 realiza-se o último voo oficial, após mais de 75 000 horas de voo ao longo de 27 anos.

    DESENHOS
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    PERFIL
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    FONTES

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