Focke-Wulf Fw 189 Uhu

.
.
.

O Focke-Wulf Fw 189 foi um avião alemão de reconhecimento, apoio e caça noturno durante a Segunda Guerra Mundial. Fabricado pela Focke-Wulf, atendia uma requisição da Luftwaffe, para um aparelho que pudesse substituir os antigos biplanos de reconhecimento. O modelo era dotado de uma célula central quase toda envidraçada, que possibilitava uma visão total dos ocupantes, facilitando as missões de reconhecimento. Recebeu da Luftwaffe o apelido de "Uhu" (Coruja), mas por causa de sua célula central envidraçada, a imprensa alemã apelidou-o  de "Fliegende auge" (Olho voador). Foram fabricados no total 864 aviões em várias versões, que operaram durante toda guerra.
.
.
.
.
Ano
1938
Pais de Origem
Alemanha
Função
Reconhecimento
Variante
Fw 189 A-1
Tripulação
3
Motor
2 x Argus As 410, 342 kW
Peso (Kg)
Vazio
2680
Máximo
3950

Dimensões (m)
Comprimento
12
Envergadura
18,4
Altura
3,7

Performance (Km)
Velocidade Máxima
357
Teto Máximo
8400
Raio de ação
670
Armamento
2 metralhadoras MG 17 de 7.92 nas asas
1 metralhadora   MG 15 de 7.92 mm em posição dorsal
1 metralhadora   MG 15 de 7.92 mm,
ou mais tarde
1 metralhadora MG 81Z de canos duplos de 7.92 mm, no cone traseiro
até 4 bombas de 50 kg 
Países operadores
Alemanha, Bulgaria, Hungria, Noruega, Roménia, Eslováquia
Fontes
.
GALERIA
.
Fw 189 V-1 primeiro protótipo
.
Fw 189B-1, de instrução de 5 lugares
.
Fw 189 Frente Leste 1942
.
Fw 189 V-4
.
Fw 189, Áustria, pós guerra
.
Fw 189 na Finlândia, 1943
.
HISTÓRIA
.
Fw 189A-1
Em meados dos anos 30, enquanto a tecnologia da aviação fazia rápidos progressos, a aeronave padrão de reconhecimento da recém criada Luftwaffe era o Heinkel He 46, um biplano com revestimento de tecido que muito lembrava os aviões da I Guerra Mundial. Seu substituto, que fez o primeiro vôo no outono de 1936, foi o Henschel Hs 126, um monoplano de fuselagem de metal entrelaçado. Mas mesmo o Hs126 poderia ser visto como uma solução temporária, embora ele tenha prestado bons serviços nos primeiros anos da II Guerra Mundial.

Em fevereiro de 1937, o Ministério da Aeronáutica lançou as especificações para uma aeronave mais moderna, com capacidade para três tripulantes, visibilidade completa e alta performance. Em resposta surgiram uma proposta convencional, o Arado Ar198, outra mais revolucionária, o Focke-Wulf Fw189 que possuía uma célula central quase que completamente envidraçada, dois motores e duas caudas geminadas, e um terceiro projeto mais radical, de autoria da Hambuger Flugzeugbau, o  Blohm & Voss Bv 141, que possuía o motor e fuselagem de um lado e de outro o cockpit em uma montagem completamente assimétrica.
Célula central

Os oficiais conservadores deram preferência, a princípio, ao projeto mais convencional da Arado, acreditando que inovações fossem mais propensas à falhas e de difícil produção. Contudo, gradualmente, começaram a perceber as vantagens de um cockpit completamente envidraçado, que também possibilitava o aumento do campo de tiro para o armamento defensivo. Mais ainda, os projectistas da Focke-Wulf, liderados por Kurt Tank e por E. Kosel, ressaltaram a possibilidade de que, alterando-se a nacela central, o projeto poderia se prestar a outras funções. Sugeriram, por exemplo, uma versão de um único tripulante, para ataque ao solo, com um cockpit pequeno e fortemente blindado, além de versões de transporte leve para evacuação de feridos.

Cone da retaguarda (Modelos iniciais)
O Bv 141 estava destinado a nunca entrar em produção, embora sua primeira versão tenha voado bem. Do mesmo modo, o Arado, inicialmente o favorito, viu-se preterido principalmente pelo fato de que seu protótipo ter sido um completo fracasso quanto à manobrabilidade e performance, em contraste, o Fw 189 que provou ser uma excelente aeronave em todos os aspetos. O V-1 (o primeiro protótipo) foi pilotado pelo próprio Kurt Tank em julho de 1938, que o apelidou de "Eule" (Coruja), embora a Luftwaffe, mais tarde, o denominasse "Uhu" (Coruja de Rapina) e a imprensa oficial lhe chamasse de "Fliegende Auge" (Olho Voador).

Se excluirmos a configuração da cauda geminada, o Fw189 era um avião bastante convencional. A estrutura completamente metálica era construída tiras tensionadas e rebitadas no exterior rebites de baixo relevo para reduzir o arrasto aerodinâmico. A asa compreendia uma estrutura central retangular e painéis destacáveis que se curvavam na parte traseira da asa e eram presas no bordo de ataque. A aeronave tinha revestimento metálico, excetuando os ailerons e os flaps compostos de três seções acionados eletricamente que eram cobertos com tecido, tal como a cauda.


Vista frontal
Cada trem de pouso tinha uma estrutura em forma de "H" com dois amortecedores e hastes longas, como era típico das demais aeronaves da Focke-Wulf, era accionado hidráulicamente, ficando recolhido num compartimento sob a asa, fechado por um par de pequenas comportas. A boquilha também era recolhida, dobrando-se à esquerda para ser armazenada na parte traseira da cauda, entre os dois lemes. Nas aterragens (sempre abaixo de 160Km/h), o trem dianteiro era descido hidraulicamente, enquanto a boquilha descia por ação da gravidade.

A aeronave era movida por dois (embora o Fw189 pudesse voar com apenas um) motores Argus As410A-1 de doze cilindros montados em "V" invertido refrigerados a ar. Estes motores, suaves a 3.100 rpm, suportavam facilmente o inverno russo, demonstrando ser bastante confiáveis mesmo em condições climáticas extremas. Cada motor era alimentado a partir de um tanque de combustível de 110 litros situado atrás do compartimento do trem de pouso. O primeiro protótipo dispunha de hélices fixas mas, a partir do V3, todos os Fw 189 tinham hélices Argus de passo variável, sendo regulado automaticamente pelo cone com oito estrias situado à frente do "spinner".

Cone de cauda do Fw 189A-2 com a metralhadora MG81Z
A célula central envidraçada pouco mudou desde o primeiro protótipo até o fim da produção.

Basicamente era uma estrutura com armação metálica, quase que completamente coberta com painéis de Plexiglas, planos, à exceção daqueles situados no teto e no cone da parte traseira do cockpit. O acesso à nacela situava-se entre a fuselagem e o motor, em cada lado. O piloto sentava bem à frente e à esquerda do cockpit, com os pedais de comando projetando-se do piso. Quase todos os controles essenciais ficavam à sua esquerda, enquanto o soquete para o cabo do radio transmissor ficava no centro do teto do cockpit, e os instrumentos de vôo ficavam em uma linha através da frente da cabina, pouco acima da linha dos olhos.


Suportes ETC50/VIIId
Na parte traseira da fuselagem, na posição horizontal, ficava um acolchoado onde o artilheiro de ré ficava deitado. Curiosamente, esse terceiro tripulante era denominado mecânico de bordo, embora houvesse pouco que ele pudesse realmente fazer a não ser ficar de olhos abertos em caso de serem intercetados pela retaguarda. O manuseio do rádio, que o terceiro homem poderia realizar, era tarefa para o sobrecarregado piloto-navegador.


O protótipo V1 diferia do modelo “A” de produção apenas em alguns detalhes como a hélice (como já foi descrito) e o trem de MG17 nas raízes das asas, disparando para a frente e três MG15, situadas, respetivamente, no nariz, no dorso superior da cabina e cone traseiro. Além disso, ele possuía quatro suportes ETC50/VIIId para bombas de 50kg. 

O V2, que voou apenas um mês mais tarde, era armado com duas metralhadoras

Após mais alguns protótipos, o modelo de pré-produção Fw189A-0 estava com sua configuração completamente definida no início de 1939 mas, por essa altura o Oberkommando der Luftwaffe (OLK), concluía não haver necessidade no imediato de substituir os Hs 126 que se mostravam satisfatórios na função de reconhecimento.

Fw 189C V-6
Só na primavera de 1940, é que a OLK deu permissão para a construção de 10 aparelhos de pré-produção.

Por volta da mesma época, durante a Blitzkrieg da Wehrmacht em direção à França, Bélgica e Holanda, as deficiências do Henschel Hs126 tornaram-se evidentes, foi dado ordem à Focke-Wulf para prosseguir a produção da aeronave para além da primeira série depois do excelente desempenho na avaliação feita pelo Aufklarungstaffel (Staffel de Reconhecimento), com o agora chamado Fw 189A-1.

O Fw189A-1 diferia em apenas alguns detalhes do quarto protótipo, desses o principal foi a retirada da metralhadora MG17 do nariz do avião, mantendo-se o restante armamento. Em missões de reconhecimento eram utilizadas câmaras Rb 20/30 ou alternativamente, as Rb 15/18, Rb 21/18, Rb 50/30 além das HK-12.5 ou HK-19. Outros equipamentos incluíam o rádio FuG 25, o rádio teleguia G4 e cartuchos de sinalização.

Fw 189C V-6 (Vista Frontal)
Em meados de 1941, surgiu a versão Fw189A-2, na qual a metralhadora MG15 foi substituída por duas MG81Z, em montagem geminada, capazes de disparar 3.600 tiros por minuto . O cone traseiro, passou a dispor de um rotor elétrico para ajudar na mira em todas as direções da retaguarda.

O Fw189A-3, produzido em pequenas quantidades, foi uma versão de treino com comandos duplos, foi feita a partir de alguns A-0 e A-1 convertidos para esse fim.

No final de 1942, um pequeno número de aeronaves foi configurada na versão A-4, destinada ao papel de ataque ao solo e reconhecimento, e equipada com blindagem extra e com a substituição das MG 17 das asas por canhões MG FF de 20mm. 

Dois A-1 foram convertidos em transportes pessoais do Generalfeldmarschall Albert Kesselring e do General Hans Jeschonnek.  

O  Fw 189B-1 foi a versão de instrução de cinco lugares,da qual foram construídas 10 aeronaves.

Fw 189A caça noturno com radar FuG 212 
e canhão MG 151 montado obliquamente
O Fw 189C foi concebido como um caça de ataque ao solo fortemente blindado, variante para apoio proximo, em concorrência com o Henschel Hs 129, mas os seus dois protótipos (V1b e V6) não foram satisfatórios, e não foi produzido.

Algumas aeronaves foram equipadas, para o teatro de operações do norte da África, com kits de sobrevivência e filtros de areia nas entradas de ar.

Cerca de 30 Fw 189A-1 foram convertidos para uma versão de caça noturno, servindo com o I/NJG 100 e com a NJG 5 ambos atuando na frente oriental. A conversão envolvia a remoção do equipamento de reconhecimento e a adição do radar de bordo FuG 212 Lichtenstein C-1, e a instalação da sua antena quadrupla na parte dianteira da fuselagem. Por fim, as MG81Z geminadas disparando à ré foram removidas, substituídas por MG151 (ou MG151/20) disparando obliquamente para cima, no arranjo conhecido como "Schräge Musik".

Embora alguns aviões fossem entregues ao 9H/LG2 ainda em 1940, o Fw 189 raramente foi visto em unidades da linha de frente até 1942.

Fw 189A-2 construido na SNCASO
Foi a partir dessa data que ele se revelou extremamente importante, progressivamente substituindo o Hs126 na Luftwaffe, e também servindo em esquadrões das Forças Aéreas eslovaca e húngara.

Com a fabrica da Focke-Wulf  sobrecarregada, devido a produção do caça Fw 190,  parte da produção do Fw 189 foi inicialmente transferida para a Aero, situada em Praga Vysocany, no então chamado protetorado da Boémia. Ao longo do ano de 1941, a fábrica checa entregou 151 Fw 189, a que se acresceram as 99 aeronaves feitas pela Focke-Wulf em Bremen.

Com a invasão da URSS, iniciada e, 22.06.1941, tornaram-se necessários um maior número de Fw 189 e, como boa parte da indústria aeronáutica francesa ficou sob controlo da Focke-Wulf, a produção desta aeronave foi transferido para a França.

Fw 189A-2,  Estalingrado, 1943

A fábrica da Breguet, em Bayonne, produzia as partes exteriores da asa, enquanto a maioria das outras partes eram feitas pela SNCASO, incluindo a seção central e o cockpit. A montagem e testes de voo eram efetuados em Bordeaux-Mérignac.

As fábricas de Bremen e de Praga encerraram a produção em 1943, mas o complexo francês manteve a produção até janeiro de 1944. No total, até 1944 foram produzidas 864 aeronaves incluindo os protótipos.
.
DESENHOS
.




PERFIL
.


FONTES
VER TAMBÉM
.






Sem comentários: