História Cronológica da Aviação Militar em Portugal


1540 - a 20 de Junho a infeliz façanha de João Almeida Torto, enfermeiro do hospital de Sto. António, em Viseu, que se lançou com asas por ele construidas, da Torre da Sé ao campo de S.Mateus.

1709 – A 8 de agosto, o Padre Bartolomeu de Gusmão faz uma demonstração com um modelo de balão de ar quente na Casa da India em Lisboa, tornando-se o precursor mundial da aerostação. Esta apresentação foi celebrizada ao longo dos tempos pela "Passarola” e só setenta anos depois em 1782 é que seria repetida em França pelos irmãos Montgolfier que dariam inicio ao desenvolvimento da aerostação.

1909 – É fundado o Aero Club de Portugal, por um grupo de oficiais do Exército, com o objectivo de promover o desenvolvimento da Aeronáutica em Portugal, bem como o seu uso militar e a 14 de Novembro são realizados em Portugal os primeiros voos de planador. No mesmo ano o piloto português Óscar Blank obtem a licença Nº. 8 da Federação Internacional de Aeronáutica. A 27 de Outubro, no hipódromo de Belém, o francês Armand Zipfel com um Voisin Antoinette de 40 cv, realiza um "voo" de 200 metros.

1910 – a 27 de Abril o piloto francês, Mamet, com um Bleriot XI, fez o primeiro voo de avião em Portugal.

1911 – No âmbito da nova organização geral do Exército Português, decretada a 25 de maio de 1911, é criada a Companhia de Aerosteiros, a primeira unidade militar aeronáutica portuguesa, que se instala em Vila Nova da Rainha no concelho da Azambuja. A unidade tinha por missão assegurar as comunicações militares pelo meio da aerostação, aviação e pombos correios;

1912 – a 27 de Setembro no Mouchão da Póvoa de Santa Iria, perto de Lisboa, Alberto Sanches de Castro, num Voisin Antoinette de 40cv, foi o primeiro português a voar em território nacional.

1912 – A título experimental, são integrados, na Companhia de Aerosteiros, os primeiros aviões, o primeiro dos quais um Deperdussin B, nascendo assim a aviação militar portuguesa;

1914 – Constituição oficial da aviação militar em Portugal, nos ramos Exército e Marinha. No Exército Português é criado o Serviço Aeronáutico Militar e a Escola Militar de Aeronáutica (EMA), instalada em Vila Nova da Rainha, junto à Companhia de Aerosteiros;

1917 – Na Marinha, é criado o Serviço e Escola de Aviação da Armada, bem como a primeira base aeronaval, o Centro de Aviação Marítima do Bom Sucesso, em Lisboa;

1917 – No âmbito da participação portuguesa na Primeira Guerra Mundial é prevista a criação dos Serviços de Aviação do Corpo Expedicionário Português que não chegam a ser activados. A maioria dos militares enviados para França para formarem o serviço integram-se em unidades de aviação francesas e britânicas, onde se tornam os primeiros aviadores portugueses a entrar em combate:

1917 – É enviada para Moçambique uma Esquadrilha Expedicionária para participar nas operações contra os alemães. A esquadrilha torna-se uma das primeiras unidades de aviação militar de África:

1918 – A aviação do Exército é reorganizada, passando a denominar-se Serviço de Aeronáutica Militar e integrando a Direcção de Aeronáutica directamente dependente do Ministro da Guerra, as Escolas Militares de Aviação e de Aerostação, as Tropas Aeronáuticas (de Aviação e de Aerostação) e o Parque de Material de Aeronáutica;

1918 – O Serviço de Aviação da Armada é reorganizado e passa a designar-se Serviços da Aeronáutica Naval;

1919 – É criado o Grupo de Esquadrilhas de Aviação "República" (GEAR) na Amadora. O GEAR é a primeira unidade operacional de aviação militar em Portugal, integrando esquadrilhas de combate (caças), de bombardeamento e de observação;

1920 – a 18 de Outubro de 1920: Tentativa de ligação aérea entre Lisboa (Amadora) e a ilha da Madeira, por Brito Pais e Sarmento Beires. 

1921 – a 22 de Março de 1921 e feita a primeira ligação aérea entre Lisboa e o Funchal, por Sacadura Cabral, Gago Coutinho, Ortins Bettencourt e Roger Soubiran, utilizando um Felixtowe F-3

1922 - a 30 de Março de 1922 é iniciada a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, Lisboa-Brasil, por Sacadura Cabral e Gago Coutinho, concluída a de 17 de Junho, na enseada da Guanabara, no Rio de Janeiro.

1924 – a 7 de Abril de 1924 é iniciada a tentativa de ligação aérea entre Vila Nova de Mil Fontes e Macau, por Sarmento Beires e Brito Pais (não conseguem aterrar em Macau devido ao mau tempo mas sobrevoam a cidade antes de efetuarem uma aterragem de emergência em território chines a alguns quilómetros do objetivo.

1924 – Pelo Decreto n.º 10 094 de 26 de setembro de 1924, a aeronáutica do Exército passa a arma independente (em igualdade com a Cavalaria, Infantaria, Artilharia e Engenharia) com a designação de "Arma de Aeronáutica Militar";

1927 – em 16 e 17 de Março de 1927 é realizada a primeira travessia noturna do Atlântico Sul, entre Bubaque (Guiné) e a Ilha de Fernando de Noronha (Brasil), numa distância de2.595 Km, por Sarmento Beires, Jorge Castilho e o mecânico Manuel Gouveia, no Hidroavião bimotor Dornier Do J Wal “Argus” . Esta travessia era uma etapa da viagem iniciada a 2 de março em Alverca e terminada a 10 de abril no Rio de Janeiro com escalas em Casablanca, Vila Cisneros (actual Ad Dakhala, no Sara Ocidental), Bolama, Bubaque, Ilha de Fernando Noronha, Natal, Recife, Baía.

1930 – a 1 de novembro é iniciada o primeira 1.º Voo de Lisboa à Índia pelos pilotos, capitão Moreira Cardoso e o tenente Sarmento Pimente, a bordo de um Havilland Puss-Moth civil batizado de “Marão”. No dia 18 de Novembro o “Marão” aterraria no aeródromo de Diu, chegando a Goa no dia seguinte.

1931 – Os Serviços da Aeronáutica Naval são transformados nas Forças Aéreas da Armada;

1934 – é realizada a ligação aérea de Portugal a Timor, Macau, Índia e regresso", pelo piloto Humberto da Cruz e o mecânico Gonçalves Lobato e Carlos Bleck faz sozinho a ligação aérea Portugal-Goa, num DH 60 IIIG Moth-Major. 

1937 – A Aeronáutica Militar é reorganizada, passando a dispor de um comando autónomo, designado "Comando-Geral da Arma da Aeronáutica", o que a torna praticamente num ramo independente, apesar de se manter administrativamente dependente do Exército. Anexo ao Comando-Geral é criado o Comando Terrestre de Defesa Aérea. Na nova organização os principais aeródromos militares passam a ser designados Bases Aéreas:

1941 – Com o fim de defender a neutralidade e a soberania portuguesa nos Açores, juntamente com outras forças militares, começam a ser enviadas Esquadrilhas Expedicionárias para o Arquipélago;

1950 – É criado o cargo de subsecretário de Estado da Aeronáutica, na direta dependência do ministro da Defesa Nacional com o objectivo de passar a tutelar toda a aviação militar portuguesa. No entanto, o cargo só será provido quando da criação das forças aéreas como ramo independente em 1952;

1952 – Através da Lei nº 2055 de 27 de Maio de 1952 a Aeronáutica Militar é organizada como ramo independente das Forças Armadas, sendo composta por forças aéreas independentes e por forças aéreas de cooperação com o Exército e com a Marinha. A Aeronáutica Militar é administrada, no plano governamental, pelo subsecretário de Estado da Aeronáutica e comandada superiormente pelo chefe do Estado-Maior das Forças Aéreas. Na nova Aeronáutica Militar são integradas as anteriores Aeronáutica do Exército e Aviação Naval, mas esta última mantém-se à disposição da Marinha para efeitos de instrução e de emprego operacional. Considera-se este o marco da criação da Força Aérea Portuguesa;

1955 – a 01 de Julho ocorre um grande e fatal acidente com oito F-84, Thunderjet da FAP, na Serra do Carvalho, Vila Nova de Poiares, distrito de Coimbra.

1955 – No seio das forças aéreas, é ativado oficialmente o Batalhão de Caçadores Paraquedistas, a primeira unidade de tropas pára-quedistas das Forças Armadas Portuguesas depois de em abril, em Alcantarilla-Espanha, ser concluído o primeiro curso de pára-quedismo, do qual, dos 232 iniciais, terminaram 192 aprovados;

1956 – Através do Decreto-Lei nº 40 949 de 28 de dezembro de 1956, as forças aéreas são reorganizadas, sendo oficializado o termo "Força Aérea" (no singular) como designação oficial do ramo, em alternativa ao de "Aeronáutica Militar" que irá cair em desuso. O território nacional metropolitano e ultramarino é dividido em três grandes regiões aéreas, que passam a exercer o comando operacional das unidades aéreas estacionadas na sua área: 1.ª Região Aérea, com comando em Lisboa, abrangendo Portugal Continental, Açores, Madeira, Guiné Portuguesa e Cabo Verde; 2.ª Região Aérea, com comando em Luanda, abrangendo Angola e São Tomé e Príncipe; 3.ª Região Aérea, com comando em Lourenço Marques, abrangendo Moçambique, Índia Portuguesa, Macau e Timor-Leste. Mais tarde, dentro da 1.ª Região Aérea, são criados dois comandos semi-autónomos: Zona Aérea dos Açores e Zona Aérea da Guiné e Cabo Verde;

1958 – As Forças Aeronavais (antiga Aviação Naval) são completamente integradas na Força Aérea, deixando de ter qualquer ligação administrativa à Marinha;

1959 – Em abril é realizado o Exercício HIMBA em Angola, com vista à divulgação e instalação da Força Aérea Portuguesa no Ultramar.

1960 – São criadas as primeiras bases aéreas em Angola (Luanda e Negage) e a 18 de Novembro são enviados para Angola os 8 primeiros Lockheed PV-2 Harpoon para Angola.

1961 – Ataques terroristas em Luanda e no norte de Angola dão início à Guerra do Ultramar em que a Força Aérea vai ter um papel muito activo, em operações de combate, reconhecimento, evacuação de feridos e apoio logístico às tropas e população civil;

1961 – O Subsecretariado de Estado da Aeronáutica é substituído pela Secretaria de Estado da Aeronáutica, cujo titular passa a ter assento no Conselho de Ministros, se bem que ainda mantenha um estatuto governamental inferior ado dos ministros do Exército e da Marinha;

1961 – O general da Força Aérea Venâncio Deslandes é nomeado Governador-Geral e Comandante-Chefe das Forças Armadas de Angola. A função de Comandante-Chefe implicava o comando conjunto dos três ramos das forças armadas no respectivo Teatro de Operações, sendo o primeiro caso na Guerra do Ultramar em que essa função foi exercida por um oficial não pertencente ao Exército;

1962 – Criação oficial das Formações Aéreas Voluntárias, organizações de milícia aérea civil auxiliar da Força Aérea na Guerra do Ultramar;

1967 - Em 12 de Outubro de 1967, o general da Força Aérea João Anacoreta de Almeida Viana assume interinamente as funções de Comandante-Chefe das Forças Armadas em Angola, cargo que virá a exercer plenamente entre Julho de 1968 e Maio de 1970;

1968 - O general da Força Aérea Venâncio Deslandes assume o cargo de Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, mantendo-se em funções até 1972;

1974 – Dá-se o golpe militar de 25 de Abril que derruba o governo de Marcelo Caetano e pôe fim à Guerra do Ultramar. Na sequência da revolução são extintos os Ministérios do Exército e da Marinha, bem como a Secretaria de Estado da Aeronáutica. As Forças Armadas deixam de ficar subordinadas ao poder civil, passando à tutela do Conselho da Revolução. Os Chefes de Estado Maior dos três ramos das Forças Armadas passam a exercer o comando do ramo, com o estatuto de ministro. O Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas passa a ter o estatuto equivalente ao de Primeiro-Ministro, ficando na dependência directa do Presidente da República:

1975 - A FAP envia para Timor-Leste um destacamento de helicópteros, que ali opera em apoio das forças portuguesas (entre as quais um destacamento de pára-quedistas) até à invasão indonésia:

1975 - Com a independência dos territórios africanos portugueses, a FAP retira de África, sendo extintas a 2ª e a 3ª Regiões Aéreas. Mantém-se apenas o Comando da 1ª Região Aérea que é, pouco depois, transformado no Comando Operacional da Força Aérea;

1977 – A Força Aérea é reorganizada, sendo criado o Instituto de Altos Estudos da Força Aérea;

1978 – Entra em funcionamento a 1 de Fevereiro a Academia da Força Aérea;

1982 – Na sequência da reforma constitucional onde é extinto o Conselho da Revolução, as Forças Armadas voltam a ficar subordinadas ao poder civil. A Força Aérea Portuguesa, tal como os outros ramos, é integrada no Ministério da Defesa Nacional.

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