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. | O Mirage III é um avião de caça supersónico projetado pela Dassault Aviation durante a década de 1950, fabricado em França e na Austrália e com derivados desenvolvidos em Israel e África do Sul. É um dos mais bem sucedidos caças supersónicos já construídos, e foi o primeiro avião de combate europeu capaz de voar a uma velocidade de Mach 2. As suas diversas versões e derivados, foram utilizadas pelas forças aéreas de vinte países num total de mais de 1400 unidades. Por possuir características de simplicidade, fiabilidade e o bom desempenho, o Mirage foi por muito tempo o principal avião de defesa da Força Aérea Francesa, e foi utilizado em combate em vários conflitos armados da segunda metade do século XX nomeadamente na Guerra dos Seis Dias, e outros conflitos do Médio Oriente, nos conflitos entre o Paquistão e a Índia em 1971 e em 1982 na Guerra das Malvinas. | |||||
. . | Ano | 1956 | ||||
Pais de Origem | França | |||||
Função | Caça de ataque | |||||
Variante | Mirage IIIE | |||||
Tripulação | 1 | |||||
Motor | 1 x Turbojato SNECMA Atar 9C | |||||
Peso (Kg) | Vazio | 7050 | ||||
Máximo | 13700 | |||||
Dimensões (m) | Comprimento | 15,02 | ||||
Envergadura | 8,22 | |||||
Altura | 4,25 | |||||
Performance (Km) | Velocidade Máxima | 2350 | ||||
Teto Máximo | 17000 | |||||
Raio de ação | 2800 | |||||
Armamento | 2 × canhões de 30 mm DEFA 552 com 125 tiros cada; 2 x Pods de foguetes Matra JL-100 (com 19 foguetes SNEB de 68mm, cada);2 x misseis ar-ar AIM-9 Sidewinder, ou Matra R.550 Magic; 1 x missil ar-ar de médio alcance Matra R.530; até 4000 Kg de carga bélica em cinco suportes externos para combinações de bombas, tanques de combustivel, e pods de reconhecimento (os Mirage IIIE franceses podiam transportar uma bomba nuclear tactica AN-52 ). | |||||
Países operadores | Paquistão França, Argentina, Austrália, Brasil, Chile, Espanha, Israel, Líbano, África do Sul, Suiça, Abu Dhabi, Venezuela | |||||
Fontes |
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GALERIA | ||
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HISTÓRIA |
Em 1953, o Armée de l'Air encomendou um estudo de um caça intercetor ligeiro, para operar em quaisquer condições atmosféricas capaz de atingir os 18000 metros em 6 minutos e com uma velocidade maxima de Mach 1.3 em voo nivelado.
Mirage I, (Dassault Mystere Delta 550) |
As asas em delta apresentavam uma série de limitações e a falta de um estabilizador horizontal implicava a ausência de flaps, o que exigia longas pistas para descolagem e aterragem em alta velocidade. Também limitava a manobrabilidade e dificultava o voo a baixas altitudes devido a grande área de asa. Em contrapartida, o desenho em delta era de fácil construção, robusto, capaz de alcançar altas velocidades em linha reta e permitia uma elevada carga de combustível, na área das asas.
O primeiro protótipo do Mystere-Delta, com um motor sem pós-combustor, sem motor de foguete e com um estabilizador vertical invulgarmente grande, voou em 25 de junho de 1955. Depois do estabilizador vertical redesenhado, a instalação de turbinas pós-combustão e do motor de foguete a aeronave foi designada de Mirage I, em finais de 1955, atingiu Mach 1.3 em voo nivelado, e Mach 1.6 com assistência do motor de foguete.
No entanto, o pequeno tamanho do Mirage limitava o seu armamento a um único míssil a-ar, o que era manifestamente insuficiente como carga bélica. Após os ensaios, o protótipo, Mirage I, foi abandonado.
Mirage IIIA |
O novo caça denominado de Mirage III, incorporava um novo design da seção central da aeronave e da asa baseado no conceito “Regra Área de Whitcomb”, difusores de choque cônicos nas entradas de ar da turbina para reduzir a turbulência e tal como os anteriores tinha possibilidade de incorporar motores de foguete de combustível liquido SEPR. Este protótipo fez o seu primeiro voo a 17 de Novembro de 1956 e a 19 de setembro de 1957 atingiu a velocidade de Mach 1.8.
Mirage IIIB |
A primeira variante de produção em série foi a variante de caça intercetor Mirage IIIC, que fez o seu primeiro voo em outubro de 1960. O Mirage IIIC era visualmente similar ao Mirage IIIA, porém, 30cm maior, e era equipado com o mesmo turborreator SNECMA Atar 09B porém, é distinguível do Mirage IIIA pelo exaustor mais longo.
Mirage IIIC |
O Armée de l'Air (Força Aérea Francesa) recebeu um total de 95 Mirage IIIC que estiveram ao serviço até 1988. Encomendou também 63 aeronaves Mirage IIIB, versão de instrução dois lugares (com fuselagem ligeiramente maior e sem canhões).
Enquanto o Mirage IIIC entrava em produção, a Dassault planeava uma versão polivalente do Mirage III, que viria a designar-se por Mirage IIIE, e que fez o seu primeiro voo em outubro de 1961.
O Mirage IIIE diferia da variante C, por ter uma fuselagem mais extensa em 30cm, atrás do cockpit, para albergar a baia de aviónicos e uma maior capacidade combustível, resolvendo o problema do raio de combate que assolava o Mirage IIIC e propiciando capacidade multimissão ao Mirage IIIE. Esta diferença entre as aeronaves é difícil de ser vista normalmente.
Mirage IIIEA, FA Argentina |
Mirage IIIRS, FA Suiça |
Devido ao sucesso alcançado por Israel com o Mirage III na Guerra dos Seis Dias, a Força aérea israelita solicitou à Dassault o desenvolvimento de uma versão mais barata com a qual pretendia substituir as suas perdas durante a Guerra dos Seis Dias e a Guerra de Desgaste. Como no Médio Oriente as condições meteorológicas são normalmente boas, esta versão não teria aviónicos tão avançados e teria como principal função o ataque ao solo. Além da redução nos custos, seria possível obter espaço extra para aumentar a capacidade de combustível, aumentando o raio de combate da aeronave.
Mirage 5, FA Belga |
O Mirage 5 manteve os dois canhões DEFA do IIIE, mas recebeu mais dois suportes de carga externa (pylons) adicionais ( aumentando para um total de sete), que suportavam uma carga bélica máxima de 4000 Kg, num grande numero de combinações. A possibilidade de utilizar o motor de foguete SEPR foi eliminada.
Mirage 5 e Mirage IIIC, da FA Francesa |
No decurso da década de 1970, perante o inesperado sucesso comercial do Mirage 5 a Dassault resolveu criar uma versão melhorada do caça, que designaria por Mirage 50. Esta aeronave era um caça mais moderno, equipado com o motor turbojato Snecma Atar 9K 50, mais potente que os antecessores com sistemas electrónicos mais sofisticados e poderia ser equipado com o radar Thomson CSF Cyrano IV adotado nos caças Mirage F1 ou com o radar Agave utilizado nos Super-Etendard.
Apesar de ser um caça mais moderno e versátil, apenas as forças aéreas do Chile e da África do Sul acabariam por adquirir enquanto que a força aérea da Venezuela optaria por modernizar suas aeronaves antigas para este novo padrão. O projeto Mirage começava já a sentir o peso da idade.
Mirage III Milan |
Seguindo o desenvolvimento do Mirage 50, no inicio da década de 1980 a Dassault experimentou um novo derivado da série Mirage original, que denominou por Mirage 3NG ( Nouvelle Génération). Como o Milan (projeto da Dassault em cooperação com a RUAG, Suíça, abandonado em 1972, que pretendia dotar o Mirage de melhor controlo a baixa velocidade e descolagem em curtas distâncias, sem perda de desempenho, cujo protótipo dispunha de canards no nariz, “bigodes”, e conseguiu alguns resultados mas colocou inúmeros problemas), e o Mirage 50, o 3NG foi dotado de um motor Atar 9K-50. O protótipo, uma conversão de um Mirage IIIR, voou em dezembro de 1982.
Mirage 3NG, Farnborough , 1982 |
Como hábito da Dassault as aeronaves exportadas receberam nomenclaturas próprias consoante a versão e o país para onde foram exportadas. As versões C exportadas para Israel (o maior cliente com 76 aeronaves), foram designadas por Mirage IIICJ, e as exportadas para Africa do Sul, Mirage IIICZ. As exportações da versão B e E receberam igualmente diferentes nomenclaturas, Mirage IIIDA, Mirage IIIEA para Argentina, Mirage IIIDBR e Mirage IIIDBR-2, Mirage IIIEBR, e Mirage IIIEBR-2 para o Brasil, Mirage IIIBJ para Israel, Mirage IIIDL para o Libano, Mirage IIIDP, Mirage IIIEL, Mirage IIIEP para o Paquistão, Mirage IIIBZ, Mirage IIIDZ, e Mirage IIID2Z para a Africa do Sul, Mirage IIIDE, Mirage IIIEZ, Mirage IIIEE para Espanha e Mirage IIIDV, Mirage IIIEV para a Venezuela. Esta lista não é exaustiva pois a politica da Dassault era adaptar cada aeronave de acordo com os pedidos dos clientes atribuindo-lhes depois uma nomenclatura própria. Um exemplo são os Mirage 5 fornecidos ao Paquistão que foram equipados com um radar Thomson-CSF Agave e capacidade para lançar mísseis anti-navio Exocet e que receberam a designação de Mirage 5PA3.
Mirage IIIO, RAAF |
A Bélgica adquiriu em 1968, licença para a construção de 105 Mirage 5, localmente na SABCA de Haren. Seriam construídas três versões, o Mirage 5BA de ataque, o Mirage 5BR de reconhecimento e o Mirage 5BD de instrução. Na década de 1980, 20 aeronaves foram submetidas ao programa MIRage Safety Improvement Program (MIRSIP) sendo posteriormente vendidas ao Chile.
Mirage IIIS, FA Suiça (descolagem JATO) |
O Mirage IIIS tinha um tanque de combustível integral sob a barriga da popa que podia ser removido e substituído com um adaptador que abrigava um motor de foguete SEPR, e seus tanques de combustível líquido, com o qual o Mirage IIIS alcançava rápida e facilmente altitudes de 20.000 m, porém a perigosidade do combustível limitou grandemente o seu uso. Podia também carregar um pod de foto-reconhecimento (Mirage IIIRS) à custa da redução da capacidade do depósito de combustível integral.
No início de 1990, os 30 Mirage IIIS sobreviventes foram sujeitos a um programa de atualização, que incluía a instalação de canards fixos logo atrás das entradas de ar da turbina e aviónicos atualizados. Os Mirage IIIS foram progressivamente retirados de serviço até 1999 e em 2003 foram retirados de serviço os restantes Mirage Suíços (Mirage IIIRS, BS e DS).
Mirage III V |
O sucesso do Mirage III conduziu a Dassault a desenvolver e construir aeronaves experimentais dele derivadas nomeadamente o Dassault Mirage III Balzac V e o Mirage IIIV. O Balzac V foi um Mirage III especialmente equipado com oito motores de elevação Rolls-Royce RB108-1A para testar configurações do futuro Mirage IIIV de descolagem e aterragem vertical (VTOL). A aeronave sofreria um acidente no segundo voo de teste não sendo recuperada mas conduziria ao primeiro protótipo do Mirage IIIV que ficaria pronto em 1965. O Mirage IIIV tinha uma aparência semelhante aos Mirage IIIC, mas tal como o Balzac dispunha de nove motores, um turbojacto SNECMA-Pratt & Whitney JTF10 (designado TF104), com impulso de 61,8 kN, e oito motores de elevação Rolls-Royce RB162 com impulso de 15,7 kN, montados verticalmente em pares ao redor do eixo . O segundo protótipo foi equipado com um turbojato Pratt & Whitney JTF10A (TF306) de 82,4 kN de impulso para a frente, voou pela primeira vez em junho de 1966 e em setembro do mesmo ano, alcançou Mach 2,04 em vôo nivelado. Porém a aeronave foi perdida num acidente a 28 de novembro de 1966 colocando um ponto final no programa VTOL da Dassult . Na realidade o projeto era pouco realista, ideia confirmada pelo facto do Mirage IIIV nunca ter sido capaz de realizar uma descolagem vertical e atingir velocidade supersónica no mesmo voo.
Outro dos projetos foi o Mirage III G, uma aeronave de geometria variável experimental baseada no Mirage que fez o primeiro voo em novembro de 1968. Até final do ano faria vários voos de teste com várias configurações de asa, mas apesar de resultados promissores o projeto foi abandonado ainda nesse ano, e o protótipo seria perdido num acidente em 1971 após ter realizado cerca de 400 voos bem sucedidos. Antes do cancelamento do Mirage IIIG a força aérea francesa encomendou dois protótipo da aeronave com dois lugares e equipada com um par de motores Snecma Atar 9 K-50 que foram apelidados de Mirage IIIG-4. Porém no decurso da construção dos protótipos a força aérea alterou as exigências das especificações do G-4, para redução dos custos, e ambos os protótipos em construção foram alterados para as novas especificações e redesignados para Mirage IIIG-8. Os protótipos fizeram o seu voo inaugural em 13 de julho de 1972 e no seu 74º voo alcançou a velocidade máxima de Mach 2.34, record de velocidade de uma aeronave da europa ocidental. Em 1995 este registo estava ainda de pé. Apesar do sucesso técnico a aeronave nunca receberia nenhuma encomenda para produção.
Mirage III G-8 |
Ao todo seriam produzidos quase 1500 aeronaves Mirage III, 5 e 50 nas suas inúmeras versões e modificações que foram utilizados por Forças aéreas de todo o mundo incluindo as de França, Austrália, Israel, Suíça, Africa do Sul, Espanha, Brasil, Argentina, Abu Dhabi, Líbano Venezuela e Chile. Atualmente está ainda no ativo na Força Aérea do Paquistão que dispõe de uma frota de 89 Mirage adquiridos a outros operadores, modernizados e atualizados segundo o projeto ROSE (Retrofit Of Strike Element), e que se irão manter em serviço ativo até a sua substituição, prevista para 2020.
O Mirage III foi utilizado em combate pela primeira vez pela Força Aérea Israelita (IDF/AF) durante a Guerra dos Seis Dias, em Junho de 1967. Ao longo da zona desmilitarizada junto a fronteira Síria seis MIG árabes foram abatidos por Mirage durante o primeiro dia de combates. Durante a guerra, com exceção de 12 Mirage, deixados a proteger as bases israelitas de eventuais ataques, todos os restantes fora equipados com bombas e enviados para atacar as bases aérea atacantes na Síria, Egipto e Jordânia. Durante os dias que se seguiram os Mirage da IDF/AF (IAF) abateriam em combate aéreo 48 aeronaves árabes de um total de 58 abatidas pelos israelitas durante a guerra.
Mirage IIICJ, IDF/AF, 1973 |
Em 1971Posteriormente os Mirage foram utilizados na Guerra Indo-Paquistanesa, na qual os Mirage Paquistaneses abateram em combate aéreo pelo menos três aeronaves inimigas.
Entre 1978 e 1982 a África do Sul utilizou os seus Mirage III na Guerra das Fronteiras com a Angola, em missões de reconhecimento, superioridade aérea e ataque, embora o seu reconhecido limitado alcance bélico limitasse o seu uso. De igual modo o seu uso foi restringido devido ao desempenho medíocre do radar de Cyrano II do caça Sul Africano (Mirage IIICZ e IIIDZ)impedido o seu uso em operações noturnas ou com mau tempo.
Mirage IIIEA, FA Argentina, 1982 |
Mais tarde em 1982 também os Mirage III EA e Dagger Argentinos veriam limitado o seu uso na Guerra das Malvinas, muito devido ao seu limitado alcance de combate e falta de sistema de reabastecimento aéreo que os impedia de atingir as forças britânicas a partir das suas bases na Argentina. O seu armamento habitual consistia num missil ar-ar de médio alcance Matra R530 ou dois Mantra Magic R550 de curto alcance e foram usados extensivamente em voos de disfarce a elevadas altitudes, com o que pretendiam atrair as forças britânicas da verdadeira força de ataque e e respetivo objetivo aumentando as suas hipóteses de sobrevivência e sucesso. Alguns deles eram também foram mantidos em alerta de resposta rápida contra possíveis ataques dos Avro Vulcan no continente e possíveis voos agressivos chilenos junto à respectiva fronteira.
EM PORTUGAL |
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Durante grande parte da guerra colonial, os jactos de combate da Força Aérea Portuguesa (FAP) foram decisivos em todas as frentes do conflito e praticamente intocáveis até ao aparecimento do míssil Strela na Guiné.
A intensificação da guerra nesta colónia levou a FAP a procurar um novo avião de combate capaz de executar quer missões de combate aéreo quer de ataque terrestre. A escolha, limitada devido aos embargos internacionais nomeadamente por parte dos EUA, que impediam o uso de aeronaves de construção americana nos territórios coloniais, recaiu no caça supersónico francês Mirage.
No entanto, as negociações entre os dois países seriam difíceis com a França a levantar várias restrições quanto ao uso dos aviões nas colónias portuguesas, principalmente na Guiné, devido a proximidade dos territórios de influencia francesa. De 1970 a 1974, a questão dos Mirage é discutida várias vezes com as autoridades francesas, que insistem em não permitir o estacionamento dos aviões na Guiné por causa das relações privilegiadas que Paris tem com o Senegal.
Apesar das restrições francesas é negociado o fornecimento de 32 Mirage IIIE PL indica claramente que, além da Guiné, era também intenção do Governo português enviar o caça francês para Angola e Moçambique, mas a história secreta dos Mirage portugueses acabaria com a Revolução de Abril, embora a França acabasse por autorizar a venda deste caça de elevada performance.
Fonte: Revista "Mais Alto", numeros de Nov/Dez 2012 e Jan/Fev de 2013
Fonte: Revista "Mais Alto", numeros de Nov/Dez 2012 e Jan/Fev de 2013
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